um centímetro não mede
as angústias do papel
(não sabe
se dobra ou se bainha
o fim do corpo
que pretendem a ele)
domingo, 8 de outubro de 2006
domingo, 10 de setembro de 2006
perdida num canto
a poesia
e a moça noutro
sentados, amortecidos
abraça
(tenho pensado em moças
quando penso)
mas
meia colher de sangue só
foi tudo
o que disse
é o que chamam de hemorragia interna
já li.
vira pro lado
como é linda dormindo
como é linda
o som que sai não é da boca
tampouco do canto
onde ela está
- a mosca pousa
a janela clara -
os dois se olham como
se nunca antes
quando a moça jaz
com quase duas
colherinhas menos
quinta-feira, 7 de setembro de 2006
terça-feira, 15 de agosto de 2006
domingo, 16 de julho de 2006
sábado, 8 de julho de 2006
terça-feira, 16 de maio de 2006
sábado, 4 de março de 2006
sim, sinto agora. talvez seja algo dela ressurgindo, vindo a mim de pouco em pouco, um tanto recuante, temerosa. medo da interferência externa, da dissonância das coisas de fora, dos olhares opressores, do meu próprio julgamento. ela pede que eu fique assim, que fique em mim, assim. me despolua dos sentidos daqueles, do toque, do que não entendo e finjo.
sou tão idiota, cretina, que faço rir. inexprimível desse modo, pois assim me querem. assim se satisfazem de mim, de tudo que sou e não precisam entrar mais a fundo do que entrego. escondo meu cerne na superficie macia e desarticulada que me faço ser.
se a matei?
outro dia me procurei, não me vi.. estou tão enterrada em mim que pouco me acho. sinto que me perdi em algum canto do corpo. de alguma forma a troca, a expectativa, os temores de ser tão mínima me forçavam a esconder. a mostrar esta. empurrei-me tão pro fundo, para tão dentro das vísceras que tudo se sufocou e aquela não mais me grita. se ouço os girtos, já não sei se são dela. talvez tenha se dissolvido, multivariado, saindo de mim, deixando-me os retalhos e as memórias, como todo abandono implica.
[pausa para o gole de chá]
é tão meu, entende? é tão eu, meu, íntimo, tão pra dentro que dói. expor tudo para a indelicadeza e indiferença dos outros.. por que haveria? pôr-me ao avesso, ferir a mim em tudo que sou? não, não. melhor ficar aqui, ninguém entenderia. sou indiferente à minha própria interpretação. é como querer algo da linguagem.. sendo tão desprovida de entendimento. há coisas maiores que não admitem ficar subjugadas, então melhor calar. então me calo e aqui fico. se tudo fosse entendido não precisaríamos saber dizer. me calo agora, finjo que nos entendemos. faço-te mostrar esta que é macia e desconjuntada. enquanto fico no fundo quente, coberto por camadas intermináveis de cetim rosé, onde o que me contorna é suave, onde nem mesmo consigo saber onde. apenas sei o que é daqui de dentro, do que nem tu sabes. e é o que me interessa agora. vous comprenez?
sou tão idiota, cretina, que faço rir. inexprimível desse modo, pois assim me querem. assim se satisfazem de mim, de tudo que sou e não precisam entrar mais a fundo do que entrego. escondo meu cerne na superficie macia e desarticulada que me faço ser.
se a matei?
outro dia me procurei, não me vi.. estou tão enterrada em mim que pouco me acho. sinto que me perdi em algum canto do corpo. de alguma forma a troca, a expectativa, os temores de ser tão mínima me forçavam a esconder. a mostrar esta. empurrei-me tão pro fundo, para tão dentro das vísceras que tudo se sufocou e aquela não mais me grita. se ouço os girtos, já não sei se são dela. talvez tenha se dissolvido, multivariado, saindo de mim, deixando-me os retalhos e as memórias, como todo abandono implica.
[pausa para o gole de chá]
é tão meu, entende? é tão eu, meu, íntimo, tão pra dentro que dói. expor tudo para a indelicadeza e indiferença dos outros.. por que haveria? pôr-me ao avesso, ferir a mim em tudo que sou? não, não. melhor ficar aqui, ninguém entenderia. sou indiferente à minha própria interpretação. é como querer algo da linguagem.. sendo tão desprovida de entendimento. há coisas maiores que não admitem ficar subjugadas, então melhor calar. então me calo e aqui fico. se tudo fosse entendido não precisaríamos saber dizer. me calo agora, finjo que nos entendemos. faço-te mostrar esta que é macia e desconjuntada. enquanto fico no fundo quente, coberto por camadas intermináveis de cetim rosé, onde o que me contorna é suave, onde nem mesmo consigo saber onde. apenas sei o que é daqui de dentro, do que nem tu sabes. e é o que me interessa agora. vous comprenez?
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