quinta-feira, 26 de maio de 2005

- venha! apressa-te!

como se a vida a mim gritasse: acorda, anda. e não é nada, senão o sopro seco no peito, no corpo oco, esse choque que agora sinto como batimentos na mesma freqüência - tum, tum - joga-me pra dentro de mim. mais uma vez, mais uma vez ainda. estou deitada. estou? pareço estar, ainda sinto o frio que corta músculos e o chão ladrilhado de trincantes a quebrar minhas omoplatas. acordar.. fazer morrer este ato de morrer? sair de dentro de mim, de ti, da minha pequena morte em que agora vou me distanciando. vejo-te distanciado também, a morrer em mim. a morrer por mim? em mim morrendo ébrio, morte úmida. assisto aos teus golpes últimos, me afundo naquele sentir azulado. ah, como é doce te ver morrer enquanto há nossas ausências. enquanto a morte faz-se frênica, aturdida de delicadezas.





em mim, prefiro ver-te indo.
esvaecendo, esvaindo


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